quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Dia 27 - New York - Via sacra do retorno

Cheguei em N.Y. umas 6h e meu vôo pro México era só às 17h. Já fui pra entrada do meu terminal e fiquei lá, porque aquele aeroporto é muito grande e confuso. Achei melhor já ficar por lá e dormir um pouco. O Hermes e a Bruna iriam chegar umas 13h. A ideia era comermos juntos e fazer o check-in. 
Juntei minhas malas e fiquei em frente a Aeromexico, só poderia despachar as malas às 12h. Dei umas cochiladas agarrada nas malas. Comprei umas coisas pra comer. E então, do nada, vem um senhor puxar papo comigo. Que ele era cubano mas morava lá em NY, de onde eu era, que ele adorava o Brasil, que agora eu era parte da família dele, que era muito bonita, que ele estava indo pra sei lá onde, tipo: VOCÊ É LOUCO?! SAI DAQUI! Então ele pediu pra eu anotar o email dele e mandar um email pra ele, fingi que anotei e ele foi embora. Depois de 1h mais ou menos ele volta, e fala: não recebi seu email, você anotou certo? Aí eu disse que a internet tava ruim e ele pediu pra anotar pra mim, pra gente não perder o contato. Enfim, mandei um email pra ele, chatongo. Aí ele se despediu de novo e saí correndo de lá. Fui cochilar perto da Alitalia. Eu hein?!
Aí o Hermes e a Bruna estavam bem atrasadinhos, e eu com muita fome. Despachei as malas e fui comer. Quando eu acabei de comer era quase 14h, hora de entrar no terminal, o Hermes e a Bruna chegaram. Então fomos direto pro terminal, fila pra passar as malas e etc. Naquele dia mesmo, o cubano me mandou um email falando várias coisas, ai gente louca!




Quando chegamos no México, tem que tirar as malas de uma esteira e colocar em outra quando passa pela alfândega de novo. A mala da Bruna foi aberta no México e na hora de passar ela esqueceu de trocar de esteira e saiu com as malas, o Hermes também. Aí não podia voltar, teria que despachar de novo em outro andar, e a conexão era bem em cima. Tinha uma fila gigante pra despachar as malas, então tentamos falar com os funcionários e nada. Até que eu fui lá também me meter a falar portunhol e o Hermes conseguiu passar na frente. Na hora de embarcar, a mulher cismou com a minha bagagem de mão (mais uma vez), mandou eu colocar no medidor. Não cabia nem a pau. Comecei a tirar as coisas da mochila e colocar em uma sacola que "caberia" em baixo do banco. Fiz isso até caber e entrei. Fui uma das últimas a entrar no avião e não tinha mais espaço nos bagageiros, enfiei num canto lá bem longe do meu assento, mexi na mala de todo mundo. Um bagunça. 

Chegando em São Paulo...

Quando chegamos em São Paulo eu fiquei tentando ressuscitar meu celular, que ainda estava sem sinal, e eu tinha que ligar pro meu pai me buscar. Eu tava sem internet desde o vôo de Nova York. Então o Hermes me emprestou o celular dele e liguei pro meu pai. Ele disse que era para eu pegar um táxi e ir pra casa, que não dava pra ele me buscar, e minha mãe pagaria o táxi. Porque minha mãe estava indo me buscar em casa. Eu falei Ok e desliguei. Ele estava estranho. Aí me veio a pergunta: "Por que minha mãe estaria indo me buscar em casa? Pra quê?" Já pensei na minha vó, mãe do meu pai. Que estaria no hospital ou algo assim. Logo que cheguei em casa, minha mãe veio correndo pagar o táxi e não deixou nem eu subir as malas e me enfiou no carro. Eu falei: "O que aconteceu? Onde estamos indo?" Ela disse que minha vó tinha falecido, estavam todos no crematório e meu pai estava segurando a cerimônia pra me esperar. Pra pelo menos eu me despedir dela. 
Comecei a chorar, já estava meio deprê esses dias, aí chego e mais essa. Agradeci meu pai por me esperar e fiquei ali meio sem reação, só chorava e tentava entender tudo aquilo que estava passando. 
Hoje estou bem melhor, mas essa viagem foi um desafio e um sonho que eu não poderia nada deixar estragar. Tirei forças de onde nem sabia que tinha. Fiquei a sós comigo mesma, me redescobri, me fortaleci. Posso dizer que depois dessa viagem muita coisa na minha vida mudou, e minha visão sobre as coisas também.


Minha Vó Neda na minha colação de grau em 2008

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